terça-feira, 26 de agosto de 2014
"Todo o homem tem nele o seu Patmos. É livre de ir ou não ir a esse
pavoroso promontório do pensamento desde o qual se vislumbram as trevas.
Se lá não vai, mantém-se na vida vulgar, na consciência vulgar, na
virtude vulgar, na fé vulgar, na dúvida vulgar, e está certo. Para o
repouso interior é evidentemente melhor. Se se dirigir a esse cume, está preso. As profundas vagas do prodígio mostraram-se-lhe. Ninguém vê
impunemente esse oceano. Ele obstina-se nesse abismo atraente, nessa
sondagem do inexplorado, nesse desinteresse pela Terra e pela vida,
nessa entrada no que é proibido, nesse esforço de tatear o impalpável,
nesse olhar sobre o invisível, ali volta, ali regressa, ali se agarra,
ali se debruça, ali dá um passo, depois dois, e é assim que penetra no
impenetrável, e é assim que avançamos no alargamento sem limites da
condição infinita".
Victor Hugo
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